Bioenergética Reichiana

por Beatriz De Patta

por John Pierrakos




A agressividade individual é também instaurada no ser humano a partir da vida intra-uterina e na amamentação. Aqui, a visão bioenergética.

O homem é um sistema energético de movimento e vibração. As forças contidas em sua existência física e psíquica são vastas e imensas como um oceano; batem e palpitam como as batidas do coração, o sopro da respiração e o movimento contrátil das vísceras, mas com freqüência ressonam e fazer tremer o corpo com emoções que o tocam nas próprias bases de sua existência.
Assim, a vida segue adiante, pulsando rítmica e tranquilamente com amor, ou precipitando-se como uma presa quando é tomada por impulsos agressivos de raiva e de ódio. Mas, a vida está sempre em movimento e pulsação: o movimento e a pulsação são a essência.
Os movimentos energéticos do corpo começam do centro do plexo solar. A fonte energética está situada ao redor dos grandes nervos do plexo e dos órgãos vitais, uma onda pulsátil se dirige à cabeça e outra para a extremidade inferior; ambas cumprem um ciclo completo e regressam ao centro do corpo. De tal forma que o modelo energético se parece ligeiramente a um oito cujo centro está onde os dois anéis se encontram junto ao diafragma.
Esses movimentos são os elos com os quais se tece a teia das emoções, essas são ternas e suaves na face anterior e duras e agressivas na posterior, de fato sentimos amor com a frente e ódio e raiva com as espáduas.
A AGRESSIVIDADE ORAL, A VOZ E A RESPIRAÇÃO
Uma criança faz com a boca, os braços e os olhos movimentos naturais de aproximação à mãe para sentir o contato; há também na criança um movimento mais específico que consiste em empurrar a cabeça para a frente e abrir os lábios a fim de encontrar o seio e o mamilo. Esse movimento rítmico e muito doce é um movimento ardente e agressivo para a fonte do estímulo.
Chama-se “rooting” e está presente entre todos os bebês dos mamíferos. Esse movimento serve e ajuda a criança a pegar o seio, encontrar o mamilo, satisfazer-se fisicamente e entrar em contato energética e emocionalmente com a mãe. Quando essa função se vê impedida pela atitude retida e inconsciente da mãe (quando, por exemplo, a mãe permite o contato uma vez e o interrompe outras), o comportamento da criança se torna confuso, resultando numa experiência frustrante. Ele se chega, impulsionado por uma onda de sentimentos, com vibrações pulsantes, terminando por tropeçar em uma resposta negativa. Aproxima-se com a boca, mas o seio está frio e não há leite, e nesse caso é uma experiência de profunda frustação e desilusão.
Os movimentos pulsantes da boca, frustrados, transformam-se em impulsos de correr e gritar. O movimento e a energia que não se descarrega na prazerosa expressão de chupar, tratam de descarregar-se mediante ações violentas. Essa mudança da terna agressividade à agressividade violenta se instaura de forma espontânea cada vez que o sujeito se depara com uma frustração.
Infelizmente, também a raiva da criança se converte em uma frustração, já que poucos pais compreendem e toleram esse tipo de comportamento. O resultado é que os movimentos dos lábios, das mandíbulas, da língua e da garganta se congelam. A boca pode estratificar-se numa expressão de amargura, as mandíbulas podem ficar contraídas na espera do encontro com a frustração, a língua se contrai e a garganta se restringe. Os movimentos normais de chupar se alteram e se tornam débeis e todas as funções que dependiam de uma livre e profunda resposta vêm a ser igualmente influenciadas.
Quando uma criança estica os braços para a mãe e encontra o frio de seu corpo, reage com ódio e hostilidade, e se essa hostilidade encontra, por parte de sua mãe, uma atitude hostil e impessoal (situação muito comum), a criança se fechará em si mesma e levantará os ombros como para apertar-se a si mesmo.
As espáduas levantadas dizem: “Não me posso abandonar à minha mãe, ela não está aí pra mim.” Quando o encerramento é mais grave, como os esquizofrênicos, é muito evidente a descoordenação do corpo.
Quando uma criança se expande com seus olhos e encontra uma olhar frio e sem contato da sua mãe, seus movimentos vitais se congelam. Começa a ter medo, seus movimentos se contraem e em muitos casos começa um caso de miopia. Seu olhar se endurece e às vezes seus olhos são janelas fechadas à luz do mundo, ou um instrumento de agressividade com relação aos outros seres humanos, mantendo todos à distância com seu olhar.
Quando a privação de um contato prazeroso com a mãe é grave, o sujeito desenvolve uma estrutura caracterológica de tipo oral. Esse tipo de pessoa tem características específicas, as quais indicam que não foi suficientemente gratifica emotiva e fisicamente, como um balão ao qual não foi fornecido suficiente ar para inflar-se. Sua estrutura física é a de um corpo largo e tubular. Suas articulações são débeis e sua caixa torácica é pontuda, como a de uma galinha; pode também ter uma ou outra deformidade no corpo que indicarão falta de calor e de contato na primeira infância; estará buscando constantemente ser gratificado, falará incessantemente demonstrando grandes amarguras e desaprovações; será sujeito de euforias e depressões. Sua agressividade oral frustrada se manifestará em ações como a de comer as unhas, chupar o dedo. Essa estrutura caracterológica é especificamente a expressão de uma frustração da oralidade em suas funções (descrita adequadamente em The Physical Dynamics of Character Struture, de Alexander Lowen).
A voz é uma das principais expressões de comunicação do homem. Oral é igual a voz que é igual a boca, ou seja, oralidade, boca e voz contém o mesmo conceito. O homem expressa com a voz seus pensamentos e sentimentos. Outros animais expressam suas emoções da mesma maneira: o cachorro ladra, o leão ruge, o gato mia.
O homem se expressa, a si mesmo, através de sua voz, e é principalmente através dela que comunica aos outros seres humanos sua vontade. A voz, por isso, é um instrumento de agressão e é muito importante para determinar o curso da vida de uma pessoa. A voz é usada para expressar sentimentos negativos ou positivos, pulsantes de amor e frios de ódio. Agressividades negativas ou positivas podem ser percebidas muito facilmente na voz. A agressividade positiva na decisão e na afirmação e a negativa na voz chata, retida e hostil, às escondidas.
Os movimentos da boca, frustrados, transformam-se em ações violentas.
É um elemento importante usar a voz com habilidade, ou seja, em todas as suas variações. A incapacidade indica distúrbios específicos do caráter. Por exemplo, quando a agressividade nos caracteres orais está bloqueada, a voz é chata e diz “dêem-me mais”. Nos esquizofrênicos, é mecânica e diz: “não sei onde estou”. No masoquista, é um lamento que diz: “tenho pena”. Geralmente não se considera a respiração como uma função agressiva na vida, ainda que uma boa respiração seja algo muito agressivo; chupa, literalmente, o ar e conduz ativamente a uma tomada de energia. Numa respiração pobre, os movimentos de chupar estão ausentes e o processo de aspiração dos pulmões é uma ação mecânica, pois lhe falta a qualidade emotiva do desejo. Não se respira porque se quer respirar, respira-se porque há necessidade. Muita gente respira mecanicamente, quer dizer, não sabe incorporar o reflexo de chupar no movimento mecânico da respiração. O reflexo de chupar contém o pulsante movimento interior que faz da respiração uma experiência prazerosa. Se o reflexo de chupar está ausente, a respiração se converte numa função mecânica de contração e expansão do tórax, e da musculatura do peito, pescoço e boca.
A sensação de prazer flutuante no corpo falta e a pessoa respira superficialmente, diminuindo assim sua carga de oxigênio; em conseqüência, priva-se da energia necessária para os processos básicos da vida.
A estreita conexão entre a respiração e a voz se pode ver no fato de que a respiração espontânea da criança recém-nascida começa com seu primeiro alento. Em terapia constatamos que quando a voz está bloqueada a respiração está limitada, e quando a respiração está retida, a voz é débil, por isso há que trabalhar tanto com a voz como com a respiração. Se tomamos uma pessoa e a fazemos gritar demoradamente usando uma expressão como “ah” ou “não”, veremos que a respiração se tornará mais profunda para tomar o ar necessário.
É um elemento importante usar a voz com habilidade, ou seja, em todas as suas variações. A incapacidade indica distúrbios específicos do caráter. Por exemplo, quando a agressividade nos caracteres orais está bloqueada, a voz é chata e diz “dêem-me mais”. Nos esquizofrênicos, é mecânica e diz: “não sei onde estou”. No masoquista, é um lamento que diz: “tenho pena”. Geralmente não se considera a respiração como uma função agressiva na vida, ainda que uma boa respiração seja algo muito agressivo; chupa, literalmente, o ar e conduz ativamente a uma tomada de energia. Numa respiração pobre, os movimentos de chupar estão ausentes e o processo de aspiração dos pulmões é uma ação mecânica, pois lhe falta a qualidade emotiva do desejo. Não se respira porque se quer respirar, respira-se porque há necessidade. Muita gente respira mecanicamente, quer dizer, não sabe incorporar o reflexo de chupar no movimento mecânico da respiração. O reflexo de chupar contém o pulsante movimento interior que faz da respiração uma experiência prazerosa. Se o reflexo de chupar está ausente, a respiração se converte numa função mecânica de contração e expansão do tórax, e da musculatura do peito, pescoço e boca.


A sensação de prazer flutuante no corpo falta e a pessoa respira superficialmente, diminuindo assim sua carga de oxigênio; em conseqüência, priva-se da energia necessária para os processos básicos da vida.
A estreita conexão entre a respiração e a voz se pode ver no fato de que a respiração espontânea da criança recém-nascida começa com seu primeiro alento. Em terapia constatamos que quando a voz está bloqueada a respiração está limitada, e quando a respiração está retida, a voz é débil, por isso há que trabalhar tanto com a voz como com a respiração. Se tomamos uma pessoa e a fazemos gritar demoradamente usando uma expressão como “ah” ou “não”, veremos que a respiração se tornará mais profunda para tomar o ar necessário.

A voz deveria incluir todas as variações de expressão, dos gritos ao choro, do balbuciar aos alaridos. Deveria estender-se desde um gemido apenas perceptível, até um alarido de tal intensidade que o paciente deveria sentir como uma corrente elétrica que atravessa o corpo.
A mobilização do reflexo de chupar é um dos propósitos mais importantes e difíceis da terapia. As tensões que bloqueiam essa função pré-natal têm origem nas primeiríssimas experiências infantis e estão profundamente estruturadas no corpo.
Algumas pessoas não podem colocar para fora os lábios porque o lábio superior está bloqueado e o inferior está preso ao maxilar. Se se pede a uma dessas pessoas que coloque para fora os lábios (em atitude de chupar) o maxilar inferior se projeta para diante numa expressão de hostilidade. Ainda quando os lábios são relativamente livres, a boca não participa nesse movimento pela tensão crônica dos maxilares que se negam a relaxar-se.
Um movimento pleno de chupar envolve também a garganta e a parte superior do tórax. O estirar-se para chupar vem literalmente do coração. Quando não são obstaculizados pela rigidez da parte superior da caixa torácica (manifestada pelas primeiras costelas ressaltadas), por um anel de tensão ao redor da base do pescoço, da retração da língua e pela base da boca restringida.
Uma vez ressaltado o fato de que dessa maneira se expande o coração aberto, podemos nos dar conta de quão fortes são as defesas contra esse movimento. Todas as tensões acima mencionadas contêm impulsos negativos. O maxilar inferior para fora ou para dentro mostra tendências inibidas de morder; a retração da língua mostra o oposto, ou seja, o desejo de chupar, inibido.
A musculatura contraída do pescoço retém os gritos de ódio, raiva e medo, ou um soluço tão profundo que é parecido com a angústia.
Os movimentos do chupar não podem ser reinstaurados até que esses impulsos negativos e violentos sejam colocados para fora. Mas os pacientes têm medo de morder, têm medo de pegar, e também de serem golpeados. As mesmas pessoas que têm medo de morder titubeariam ao meter a mão na boca de um cachorro, porque protejam seus impulsos inconscientes de morder o animal.
Em terapia fazemos o paciente seguir vários exercícios que tendem a mobilizar os maxilares, os lábios e a língua. Sem dúvida, os movimentos de chupar não podem ser plenamente liberados até que o paciente possa identificar-se com a criança que leva dentro de si e estenda os braços, a boca e o coração para buscar sua mãe. Quando o paciente puder fazer isso facilmente, estará relativamente livre de seus bloqueios emocionais.
EXPRESSÕES AGRESSIVAS NO ROSTO
O rosto se contrai de uma forma muito importante na expressão da agressividade. Quando uma emoção não é manifestada por uma expressão facial apropriada, é sinal de que está bloqueada pela consciência. Por exemplo, mesmo que um indivíduo esquizóide possa estar cheio de raiva e violência, a rigidez e frieza de seu rosto o previnem de ser consciente de sua agressividade.
O rosto de um masoquista, com seu sorriso, é uma defesa contra a percepção da angústia e violência, intrínsecas nessa estrutura caracterológica. Da mesma maneira, o rosto de um passivo é benévolo e gentil e esconde a si mesmo e aos demais a raiva e o ódio do mais profundo estrato de sua personalidade. Nesses indivíduos é necessário mobilizar expressões agressivas do rosto, com o propósito de tirar, de modo terapêutico, a violência sepultada sob a superfície.
Há outras pessoas cujos rostos têm uma constante expressão de agressividade e sua postura é constantemente agressiva. O rosto de uma mulher agressivo-masculina é duro e cortante: parece estar sempre disposta ao ataque, a arrancar com uma mordida a cabeça de alguém. Essa hiper-agressividade se reconhece como uma defesa contra o medo de ser débil e submissa.
Nos psicopatas nota-se freqüentemente uma extrema intensidade expressiva no rosto, e especialmente nos olhos, que parecem fixar uma pessoa para mantê-la à devida distância.
O psicopata é incapaz de ter um contato com os seres humanos devido ao seu olhar fixo: seus olhos são usados defensivamente. A aparente agressividade do psicopata é uma pseudo-agressividade, desenvolvida para proteger-se contra seus sentimentos internos de debilidade e abandono. Esses sentimentos têm origem, por sua vez, pela supressão dos instintos violentos e agressivos na primeira infância.




Em qualquer caso é necessário, nesses pacientes, mobilizar o rosto com o propósito de liberar a verdadeira agressividade. A maior parte dos pacientes acha difícil, por exemplo, obter com o rosto uma expressão de cólera intensa. Acham difícil fazer uma voz enjoada, mostrar os dentes e abrir demasiadamente os olhos. Alguns descobrem que não podem empurrar os maxilares para a frente, outros que não podem colocar os lábios para dentro e em muita gente os olhos saltam de medo quando a parte inferior do rosto assume uma atitude ameaçadora.
Quando eram crianças não lhes era permitido fazer essas expressões e agora não lhes é fácil demonstrá-las.

Para fazer esses movimentos possíveis, é necessário um trabalho considerável nos músculos contraídos da mandíbula, dos lábios e da base da boca. Os pacientes podem ajudar-se a superar a tensão praticando essas expressões diante de um espelho. Podem sentir-se fortalecidos ao fazê-lo frente ao terapeuta. Fazendo isso, eles gradualmente perdem o medo de enfrentar os outros com uma atitude consciente agressiva e hostil.
AS FUNÇÕES AGRESSIVAS DAS EXTREMIDADES SUPERIORES
A criança se expande com os braços, quando é aceita, erguidos, se lhe é dado amor; seus braços se sentem unidos com o corpo e são capazes de expressar expansão e agressividade natural. Quando a expansão e a agressividade da criança são bloqueadas, os braços se separam do corpo, se imobilizam rigidamente com os ombros. Os movimentos dos braços se tornam mecânicos e sem emoções, as emoções e a energia não fluem livremente do corpo aos braços e às mãos. A pele da mão se resseca e a pessoa perde o sentido do tato.
Quando o fluxo de energia em todo o corpo está livre, os ombros estão relaxados e não elevados, jogados para trás ou empurrados para frente.
Os braços são usados, principalmente, para estender o contato do corpo ou para alcançar os objetos desejados. Também se usam para colocar de lado os objetos não desejados ou para expressar sentimentos hostis, rasgando, golpeando ou simplesmente ameaçando. Nesse caso usam-se como armas.
Quando os braços estão estendidos e as palmas abertas, a pessoa é expansiva e aberta, enquanto que os punhos fechados expressam uma atitude hostil e negativa. Quando as mãos estão unidas, a atitude é de negar, porque a pessoa está em contato consigo mesma. Quando a pessoa caminha e move os braços ao longo do corpo, seu campo energético se estende e a pessoa tem sensações prazerosas. Observa-se em muitos pacientes, quando estão recostados sobre o divã e com os braços estendidos, que suas mãos se apóiam como flores murchas. Essa posição indica uma atitude interior de desespero, um sentimento de impotência. Se lhe pedimos para dizer a palavra “mamãe”, eles soluçarão e chorarão profundamente, enquanto que alguns outros se recusarão a dizer “mamãe” sentindo o fato como muito insignificante. O que expressam é que também, quando eram crianças, esse gesto era muito insignificante.
Numa respiração rica o movimento de chupar está presente, com desejo.
Quando uma pessoa pode expressar esse conceito com emoção na voz e nos braços, quer dizer que ainda não perdeu a capacidade de se deixar levar pela vida. No fundo do coração todos nós ainda somos crianças e os sentimentos pela mãe não nos abandonaram completamente.
A habilidade de uma pessoa de expandir-se com os braços é uma medida da força do próprio eu. Um indivíduo esquizóide não pode expandir-se. A personalidade oral só se expande quando as condições ambientais são favoráveis. O masoquista busca o contato duvidando, ou seja, contraindo-se. Uma pessoa rígida trata de agarrar com força.
A impossibilidade dessa pessoa em expandir-se completamente deve-se à tensão muscular crônica da parte superior do corpo, nos ombros ou nos braços, que se desenvolve da necessidade de suprimir sentimentos violentos e agressivos.
À criança é dito freqüentemente que não levante as mãos para os pais, com o resultado de que, quando adultos, não poderão levantar os braços livre e plenamente.
A violência reprimida, bloqueada nas tensões musculares crônicas da extremidade superior, devem descarregar-se se os braços adquirem novamente suas funções naturais de expansão, de alcançar, de dar.
Quando os ombros estão bloqueados, geralmente podem assumir três posições: alçados, indicando medo, comum em estados de ansiedade nas crianças que levantam os ombros para se apertarem em si mesmos; postos em atitude caída (ombros pendurados), indicam uma quantidade tremenda de tensão e uma atitude de empurrar as emoções para baixo. A posição dos ombros curvos para frente indica, nas mulheres, sentimentos de vergonha e uma atitude que se desenvolve muito cedo na vida, na tentativa de esconder os seios.
A impossibilidade de completar o movimento físico indica dificuldade de expressão da emoção relativa. O canal físico está bloqueado e por isso o sentimento não pode escorrer ao longo do caminho, é como o delta de um rio, obstruído.
O EFEITO DOS BLOQUEIOS MUSCULARES NA EXPRESSÃO DA AGRESSIVIDADE
O bloqueio muscular elimina o conhecimento do corpo e se resolve na negação da percepção de suas partes. A pessoa reage como um zumbi e seu nível de sensações conscientes diminui. Não é capaz de responder rapidamente com movimentos apropriados ao perigo e às provações da vida cotidiana e fracassa ao responder a estímulos positivos. Falta-lhe espontaneidade, gozo e profundidade de experiência.
O bloqueio muscular, com suas conseqüências, cria um estado crônico de defesa a um perigo imaginário. Em geral, o perigo não vem de fora, mas está dentro de nós mesmos, sob a forma de emoções frente às quais não somos capazes de responder.
A agressividade é uma expressão de movimento natural diante do ambiente. Na existência humana, quando os pais, professores ou autoridades proíbem a expressão positiva da vida, ou a impedem, o bloqueio conseqüente dos movimentos cria uma profunda e inconsciente negatividade na pessoa. Quando os movimentos negativos e agressivos são detidos ou negados pelo medo, mediante o rechaço, ou mediante ideais de metas perfeccionistas, o resultado é a violência.
Essa violência expressa a não aceitação da negatividade dos impulsos destrutivos, da raiva justificada e da agressividade sadia. Assim, a pessoa perde o contato com seus movimentos involuntários e voluntários. A energia se acumula nos bloqueios musculares e, com um mínimo de provocação, supera-se o nível de guarda e todo o ódio e negatividade reprimidos se manifestam numa explosão violenta.




Essa perda de controle pode conduzir a ações destrutivas.
O controle sadio do próprio comportamento pode definir-se assim: dono de si mesmo. Numa pessoa que é dona de si mesma, as sensações e os pensamentos estão integrados. O pensamento não é diferente da sensação. Num nível mais profundo os movimentos voluntários e involuntários estão fundidos numa função coordenada delicada e apropriada. Um mesmo movimento indica uma segurança em si mesmo e implica um controle consciente em cada resposta, diferente do controle inconsciente pelo medo de deixar-se ir.
Uma ameba, por exemplo, cumpre movimentos para fora, tratando de alcançar ou circundar a presa. Este é um processo totalmente involuntário, dependente de uma ação espontânea de um processo biológico e de uma reação química. Um peixe, já utilizando os músculos voluntários ou os movimentos pulsantes involuntários, desliza na água na direção desejada. Utilizando um processo voluntário, ele é capaz de percorrer muitos quilômetros num dia, enquanto que a ameba, por não ter movimentos voluntários, só pode percorrer poucos centímetros ao dia. Todos os animais sobre a face da terra se movem calculando a gravidade mediante suas contrações musculares, que, ao mesmo tempo, dão a direção ao movimento, geralmente em direção à cabeça.
Também o homem se move com a ajuda de seus sistemas voluntários e involuntários na superfície da terra. Ao mesmo tempo vive emoções que pulsam e fluem em si. Em outras palavras, experimenta os movimentos involuntários e as emoções que atravessam seu corpo. A soma total dos movimentos que exteriorizam suas emoções constitui as tensões agressivas que são manifestações positivas de sua criatividade.
Também a mente do homem tem seus aspectos voluntários e involuntários, que são componentes conscientes e inconscientes do pensamento, ambos necessários para uma vida criativa. Não podemos glorificar os aspectos involuntários ou emocionais do comportamento em detrimento dos processos voluntários ou racionais. Nossa tendência a reduzir os processos voluntários e conscientes é uma reação a seu apoteótico precedente no rígido puritanismo vitoriano. Fracassar na integração de todos os aspectos da existência humana pode conduzir ao caos, tanto de uma parte como da outra.
Na terapia bioenergética tratamos de desenvolver o fluxo natural da energia no corpo, ajudando a desfazer os bloqueios musculares e a remover os obstáculos que dificultam os movimentos da vida. Isto se consegue trabalhando com as emoções negativas da personalidade e com movimentos físicos preparados para eliminar os obstáculos e permitir a livre expressão dos processos espontâneos e involuntários.
Tal método, se é seguido escrupulosamente, leva a uma expressão dos movimentos energéticos em todo o corpo, que se completa com um fluxo da parte inferior do organismo e cria com isso um movimento fluido da energia, em forma de um “8”, que mantém a pessoa com os pés bem plantados na terra. É aí então que o espírito da pessoa se libera. Cada um, quando está enfermo, fica fechado numa prisão de ilusões. Seus esquemas neuróticos são distorções que atam seus movimentos livres. Na mente de tais pessoas se desenvolvem idéias cerradas, atitudes deformadas e sérios mal-entendidos.
Em seu corpo os mesmos processos se repetem com os bloqueios musculares que encarceram os movimentos da vida. Esse processo total cria um cárcere na enfermidade, na qual o corpo, as sensações e a mente são prisioneiras e enlanguescem na obscuridade da confusão e da dor.
Nada é mais destrutivo nas pessoas do que defenderem-se sem necessidade das ações destrutivas nas pessoas. Nada é mais positivo nas pessoas do que expandirem-se com o próprio corpo e com a própria mente, sentindo o rio da vida correr dentro de si mesmo.

Ilustração LUIZ TRIMANO
Tradução RALPH VIANA

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