Bioenergética Reichiana

por Beatriz De Patta

Um passeio pelo universo que somos, nosso corpo, em suas múltiplas dimensões.

Um flash sobre as múltiplas visões que compõem o campo teórico das psicoterapias corporais de base holísitca.

São muitos os olhares possíveis para o complexo universo do corpo. Impossível abranger toda a sua vastidão, quanto mais descrevê-la em um simples artigo. Então a proposta é percorrer aqui somente alguns espaços deste universo que somos, segmentando alguns aspectos - sempre estando implícito que fazem parte de um conjunto de relações que vivem em dependência mútua. Nenhum destes aspectos por si só é capaz de abarcar toda a riqueza desta "singela complexidade" que nos compõe.
Portanto, a proposta desta reflexão é restrita, semelhante à de um passeio em grupo com tempo marcado. Não nos reteremos demasiado dissecando alguma paisagem nem pararemos para esmiuçar detalhes. Não estaremos numa viagem científica. Muitas coisas não serão percebidas, outras esquecidas, algumas só levemente delineadas. A ideia é irmos vendo, conversando, constatando, curtindo.

A CASA/CORPO

"Neste instante, esteja você onde estiver, há uma casa com seu nome. Você é o único proprietário, mas faz tempo que você perdeu as chaves. Por isso fica de fora, só vendo a fachada. Não chega a morar nela. Essa casa, teto que abriga as mais recônditas e reprimidas lembranças, é o seu corpo.
Se as paredes ouvissem... Na casa que é seu corpo, elas ouvem. As paredes que tudo ouviram e nada esqueceram são seus músculos. Na rigidez, crispação, fraqueza e dores dos seus músculos das costas, pescoço, diafragma, coração e também do rosto e do sexo, está escrita toda a sua história, do nascimento até hoje."
Este texto foi escrito por Thérèse Bertherat. A metáfora da casa/corpo é uma primeira aproximação de uma consciência maior e necessária sobre o corpo humano. Podemos conhecer esta habitação e transformá-la e com isso romper o tradicional tabu contra o conhecimento de si mesmo?
Sim, este é um caminho natural e possível. Mas ao conselho de Sócrates: "Conhece-te a ti mesmo" segue-se outro, mais difícil e profundo: "Seja você mesmo".
Mas o que somos?
Muitas vezes começamos a responder às perguntas pelas vertentes mais complexas e complicadas e muitas vezes nos perdemos nas intrincações que produzimos. Podemos tentar o caminho inverso, pelo simples, e com sito abrirmos possibilidades para desvendarmos aspectos singelos e geralmente esquecidos. Apesar da afirmação de Camus: "O que é simples nos supera".
O que somos? Simplesmente, e antes de mais nada, somos o nosso corpo, dos cabelos às unhas dos pés, dos olhos aos ossos. Aí está o nosso ser, que expande-se e contrai-se - infinita pulsação - estabelecendo as mais diversas relações com o "mundo externo" e consigo mesmo.
Somos nosso próprio corpo. À esta aparentemente cristalina definição contrapõe-se várias concepções de ser humano que negam esta evidência. Historicamente, no ocidente, o homo sapiens foi dividido dualísticamente em corpo e alma, como o faz inicialmente Platão. Posteriormente esta concepção foi adotada pelo cristianismo e por toda a civilização ocidental.

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